Apólice permite formar reserva para quando
orçamento apertar ou ter indenização mesmo sem sinistro
Foi-se o tempo em que o dinheiro desembolsado
para um seguro de vida nunca seria revisto por quem o bancava. As seguradoras já
dão alternativas para tornar o produto mais atraente aos clientes e, entre as
opções, está devolver uma parte da indenização quando o contrato acaba e não há
sinistro, além de formar uma reserva de valor durante a vigência da
apólice.
Eles são chamados de seguro de vida com
acumulação e trazem um dinheiro extra em caso de sufoco no orçamento. É o que os
diferencia dos tradicionais seguros de vida, que normalmente têm duração de um
ano e não permitem resgates. Mas não devem ser tratados como investimento, uma
vez que a rentabilidade não é exatamente atrativa.
"Não gostamos de falar que o seguro de vida com
acumulação é um investimento porque não comparamos o rendimento da reserva de
valor com outros produtos do mercado", pondera Thereza Moreno, diretora atuarial
da seguradora Prudential do Brasil. "Do dinheiro que se paga por um seguro de
vida, parte vai para o valor de reserva do cliente e a outra vai para a
cobertura de risco", completa, sobre os produtos comercializados pela
seguradora. Ali, um é vitalício e outro oferece proteção temporária. Os seguros
com cobertura para toda a vida representam 83,8% das apólices emitidas pela
empresa em 2011, quando atingiram 125 mil.O capital segurado, na companhia, vai
até R$ 15,8 milhões.
O engenheiro Antonio Moreira, 61 anos, decidiu
fazer o seguro de vida vitalício há quatro anos, com o intuito de dar suporte à
sua esposa e ao filho, hoje com 29 anos, em caso de falecimento ou invalidez. "É
bom dormir e saber que a família está amparada", diz Moreira.
Sua apólice dá direito a uma reserva de valor,
que ele pretende não usar, mas se reconforta com a garantia extra. "Nunca pensei
nesse tipo de transação, a intenção é realmente proteger minha família. Mas num
momento de dificuldade, fico mais tranquilo tendo essa opção." No ato da
contratação, o cliente já conhece o valor resgatável sem correção
inflacionária.
"Ele pode ter acesso ao dinheiro a partir do
terceiro ano", conta Thereza. Se o cliente resgatar toda a reserva, o seguro é
cancelado, mas se for parcial, há uma redução da indenização em caso de morte ou
invalidez. Além disso, a legislação permite que o cliente pegue um empréstimo.
"A gente tenta empatar com os juros dos bancos", diz a executiva da seguradora,
que no entanto ressalta que essa não é a intenção inicial, já que o seguro é
feito baseado no capital que os dependentes do beneficiário realmente precisam
caso ele falte.
O segmento chamou a atenção do grupo Mapfre,
que trouxe a modalidade para o Brasil em dezembro do ano passado, sendo o
primeiro país da América Latina onde oferece o "Bien Vivir". "Havia uma
necessidade do mercado de atender cliente de renda maior, que procurava uma
apólice como esta fora do Brasil", conta o presidente da Mapfre Serviços
Financeiros, Wilson Toneto. O produto é para quem tem renda acima de R$ 10 mil e
a seguradora quer vender R$ 20 milhões nessas apólices este ano, considerando o
potencial de mercado no país e os 800 contratos já em análise.
Este tipo de apólice não é o que as seguradoras
chamam de produto de "prateleira", uma vez que a venda é feita de forma
consultiva - tanto que a Mapfre escolheu apenas 300 de 14 mil corretores para
oferecê-lo. São analisadas as necessidades do cliente, idade, estado civil,
número de filhos e condições de saúde. Por isso mesmo antes da contratação é
preciso passar por uma bateria de exames. Não à toa,demora-se até dois meses
para fechar o contrato. Na Mapfre, o valor segurado vai de R$ 500 mil a R$ 9
milhões e o seguro tem período mínimo de contratação de 10 anos.[2]
Apólice é alternativa para quem já vai
contratar o seguro e quer uma garantia extra em caso de aperto ainda em vida,
mas não deve ser vista como opção de investimento já que o rendimento é
mínimo.
Fonte: SEGS (Brasil Econômico)
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